Quaseamores Lifestyle Jornalistando Amigos




20 de julho de 2016

Ela II

Foto: Tumblr
Ela não cabe nesse mundo, muito menos dentro dela. É intensa e ao mesmo tempo calma. Misteriosa e ao mesmo tempo compreensível. Cheia de dengos, mas às vezes dura como uma pedra. Ela quer ser tudo que ela puder ser nessa vida. Vai saber se tem outra...

Nasceu para ser livre e não consegue ver as pessoas presas ao que não faz bem. Ela tem necessidade de sentir-se solta e de se entregar. Mergulhar fundo em tudo que entra. Ela é ferida aberta que demora a sarar. Se conhece e sabe respeitar os seus limites, sonha e sofre com toda essa intensidade, mas costuma dizer que vive os sentimentos por inteiro para sentir que está viva. Ela tem mania de anotar cada detalhe do amor para ler quando nele não estiver mais aqui.

Ela inspiraria Jorge Amado a escrever mais uns versos sobre como a simplicidade é bonita e sobre o mar. Ela não sabe ainda se ela é poeta, ou poesia, se é arte, ou artista, mas ela encontra na arte uma forma de transbordar. E quando ela transborda ela precisa ir para o mar. É que ela não cabe dentro dela e sai por ai espalhando seus pedaços com tinta e papel. Colorindo e desenhando amor em corações.


Caso ela se perca, você sabe onde a encontrar.

4 de janeiro de 2016

Eu fiquei




Acordei de novo na sua casa, você ainda dormia. Fiquei te olhando. Eram 9h, já estava atrasada. Mas confesso: não queria ir embora. Poderia ficar ali, te olhando e pensando na sorte de ter te encontrado naquele show dos meus amigos e agradecendo por esses acasos da vida. Ou só deitada no seu peito enquanto acaricio a sua barba por fazer.

Ahhh menino, quero te guardar pra mim. Pra te olhar sempre que eu quiser, te abraçar e descansar. Quero ser o que te inspira, o que te tira o sono, mas também que te dá paz.

Perderia a conta de quanto tempo poderia ficar ali. Mas levantei e juntei minhas coisas, antes que o estrago fosse maior. Antes que eu ame o seu sorriso e que a vida não tenha mais tanta graça sem as suas piadas.

Mas você acordou e me olhou com seus olhos de ressaca. Deu um beijo na minha testa e sussurrou bem baixinho pra eu ficar. Motivos para isso não faltavam. O jeito com ternura como você me olha e acaricia meus cabelos, a liberdade que você me deu e até os filmes das princesas. Também havia motivos para eu não ficar. O medo, seu jeito bem diferente do meu e tantas outras diferenças.


Mas eu fiquei, porque já é tarde demais. Seu beijo com gosto de cigarro já é o meu preferido. As diferenças se completaram. E seu abraço? Virou um cais para todo esse mar agitado.




Notas da autora: O texto é um pouco antigo, mas o amor é o mesmo <3

21 de dezembro de 2015

Qual o seu lide?

Foto: Marielle Rojas
Seu nome é João. Ainda está no meio da faculdade de jornalismo. É esforçado e escreve muito bem. Já está cansado de ouvir falar de um tal de lide. É, aquelas perguntas básicas que a matéria deve responder ao leitor. Andava pela rua tentando entender o porquê. Por que as coisas tem que ser assim? Por que não pode ser de outro jeito? Pobre João...

Tem a Thainá. Uma maluquinha que também faz jornalismo, tem a poesia na ponta da caneta, mas também enjoou desse lide ai. Vivia no bar, tentando entender o quando. Quando eu vou arranjar um emprego legal? Quando eu vou ganhar dinheiro? Mas ela sabe, tudo tem seu tempo...

A Thaís então, já pensou muito em desistir desse tal jornalismo. Ô menina que tem boas ideias. Às vezes é duro, parece que tudo vai dar errado, mas como dizem por aí, a parte mais escura da noite é quando já está quase amanhecendo. Vivia na dela, pensando no o que. O que eu quero para minha vida? O que me faz bem? Calma, vai ficar tudo bem...

O menino Lucas. Quantas vezes também pensou em jogar tudo para o alto, fazer um curso de inglês e viajar pelo mundo. Lia suas histórias em quadrinhos pensando no como. Mas como vou viver se não for de jornalismo? Como vou chegar lá? Se você quiser, você vai chegar...

A Juliana vive pensando se jornalismo é mesmo pra ela. Estuda, estuda, estuda e não vai tão bem nas provas. Pensou bastante em desistir, agora tenta entender quem. Quem é o jornalismo? Quem é um bom jornalista? Pode ser você Juliana...

E a Mari. Bem, gosta tanto desse tal de jornalismo que passa mais tempo na faculdade do que em casa. Cansada de se perder, passava horas tentando entender o onde. Onde é o meu lugar? Onde eu vou me encontrar?

Acho que esse jornalismo aí deixa as pessoas meio doidas. Elas ficam achando que podem mudar o mundo. Mas talvez elas possam, quando conseguirem achar o lide delas. A mudança do mundo começa na gente. Mas às vezes você tem que parar de se preocupar com o porque, quando, onde... para dar sentido à sua história.



*Nota da autora: A crônica foi feita para um trabalho da faculdade, mas serve para o fim do semestre e alguns amigos especiais <3

12 de novembro de 2015

Insistência


Existência tola
Insistiu em meus planos
Que se foram todos
Como meros ciganos

Panos e papéis
Todos de enganos
Se foram todos
E nós pra onde vamos?

Onde estão os sanos?
Memórias que se vão
Quando voltamos?
Como ser humano e são?

Que importa a questão,
Se logo mais outros virão...
Substituir nossos corpos
E lamentar na mesma pergunta.


*Nota: Esse texto é de um amigo que preferiu não se identificar 


22 de outubro de 2015

Ô menina maluca

Foto: Marielle Rojas
Chegou uma mensagem e um sorriso torto não hesitou em sair. Quantas dúvidas e medos naquele coração, que como diria Chico, é teimoso, e quer guardar o mundo dentro dele. Mas se o sorriso foi sincero, pra quê escondê-lo?

Angústias e cicatrizes do passado a rodeavam, mas ela seguia com o fone no ouvido dançando conforme a música, e nada conseguia a alcançar. O vestido sempre florido, como seu coração. Aprendeu a cultivar, a esperar... Uma hora as flores sempre desabrocham. O cabelo sempre solto pra balançar com o vento e os olhos sempre atentos aos sinais que a vida dá.

Nada acontece sem que muitas outras coisas tenham acontecido ou deixado de acontecer. A gente não entende uma coisa aqui, outra ali, mas uma hora tudo se encaixa. Ela também não cansa de agradecer tudo o que lhe acontece e as oportunidades que a vida vem lhe dando. Principalmente por fazer o que gosta, poder escrever tentando levar um pouco de amor por meio de palavras.

Ela sempre viu tudo com o coração e nunca gostou do que todo mundo gosta. Sempre gostou do simples, como a poesia de um abraço. Mas o que faz a gente gostar de alguém? Sempre se questionava. Com tantas pessoas no mundo pra gente conhecer, por que uma, perdida em meio a essa imensidão, é a que nos faz sorrir? Ô menina maluca. Isso ela não sabe responder não, e talvez nem precise.

Estava tão acostumada a ser sozinha e solta nesse mundão que nem percebeu o bem que ele vinha fazendo. Chegou de mansinho e em tão pouco tempo quantos sorrisos... A fez desaprender tudo que ela sabia sobre o amor, a finalmente entender que nenhum amor é igual o outro. Depois de tanta tempestade veio uma calmaria com um sorriso largo. (e com beijo com gosto de cigarro).


20 de julho de 2015

Da sua ausência

Foto: Tumblr
Sonhei com você de novo. Logo você, que nunca foi a mulher dos meus sonhos, tem invadido meu quarto, meu travesseiro e meus pensamentos já há um incontável número de dias.
   
Isso me faz lembrar das duas únicas noites em que dividimos um mesmo colchão. Eu me distraía com qualquer coisa no celular enquanto você me fitava no escuro, com os olhos semicerrados de sono. Não adiantava. Você queria um colo que eu nem pensava em te dar, e hoje acho que talvez tenha sido esse o motivo que te fazia acordar e ir embora, me deixando sozinho numa cama que não me trazia conforto algum.
   
Agora percebo que o conforto emanava de você, e não havia lugar melhor pra me sentir renovado do que o seu abraço. Sei disso porque provei vários, e não só os seus, mas tudo que vinha de você me trazia paz.
   
Não houve uma só vez em que acordei da sua lembrança sem procurar por vestígios seus, e no meu quarto tem muitos. O seu caderno, que me faz pensar que ainda habito seus pensamentos mais distantes. A nossa foto, que me lembra que o meu lugar preferido do mundo é onde nos vimos pela primeira vez. Os seus textos, seus desenhos, suas tentativas de me ligar a você de algum modo que não funcionou. Até aquela minha blusa que você sempre quis e eu nunca considerei te dar, apesar de você ter ficado muito bem nela em todas as vezes que a imaginei te vestindo.
   
Cada hora passada com você me fazia querer estar vivo e te guardar no meu pensamento. Mas a cada adeus eu me sentia livre por dispensar qualquer tipo de compromisso e, ainda assim, ver você retornar a todos os meus chamados.
   
Sempre nos despedimos na incerteza, até o dia em que nem isso fizemos. Você simplesmente foi embora, engoliu em silêncio a dor e a exaustão de um amor cheio de mágoas e voou pra longe. Passaram dias, passaram semanas, passou um mês. A sua ausência já fazia um silêncio que eu sempre pensei ser capaz de suportar. Mas eu não fui. Eu não sou. Não sei sentir a falta de alguém que eu tinha certeza que jamais me deixaria. E esse foi o meu erro. Achar que, de todas as pessoas que já passaram por aqui, logo você iria ficar.
   
Eu sinto muito por não ter sentido o mesmo que você. Sinto muito por ter olhado nos seus olhos calmos e dito, inquieto, que devíamos continuar sendo amigos. Sinto muito por te dar tantos indícios que no fim não significavam nada pra mim, ao passo que significavam o mundo pra você, que sempre disse que tudo acontece por uma razão. Hoje, depois de acordar, me perguntei qual seria a nossa. Um envolvimento que não era pra ser e foi. Um sentimento que deveria caber, mas não coube. Uma vida que dá tantas voltas que te levou de volta a um lugar em que eu não estou, onde você deve estar pensando em como tudo tropeça, mas vai bem, com aquele seu otimismo incrível que despertava meu lado mais incrédulo. E eu queria ter raiva do seu jeito de sorrir tranquila, mas nem isso eu tenho. Tudo que me restou foi um desejo desesperado de te encontrar na rua e dizer que eu voltaria pro seu peito, se você quisesse. Ruim é pensar que você talvez não queira, não mais. E pior ainda é saber que a causa sou eu, que sempre coloquei a culpa de tudo em você.

De todas as coisas que você me ensinou, essa tem sido a mais difícil de aprender. Mas vou continuar sonhando que um dia você vai voltar atrás como me fez voltar, quando vi que você era, sim, a mulher dos meus sonhos. 


30 de junho de 2015

Ahhh mar

Foto: Tumblr
Refletia com o cigarro na boca, todos os seus medos e a sua solidão, tentando curar a ressaca que você deixou. Todo fim é uma chance de recomeço, sofre quem não entende isso, pensava, enquanto via a chuva cair lá fora e dava mais um trago no cigarro, tentando apagar a tempestade que se formava do lado de dentro. Mas ela sabe, essa tempestade vem para lavar e levar embora tudo que restou em seu peito.

Agora ela não tem mais medo. Sabe que tudo acontece por algum motivo, então aprendeu a olhar o lado bom de tudo que lhe acontece. Ela é teimosa, mas mais teimoso é seu sorriso que encontra nas coisas mais simples da vida motivo para aparecer. Aprendeu a deixar as mágoas e só carregar consigo o aprendizado, a procurar páginas em branco para escrever novas histórias, a encontrar novos corações para visitar e novas músicas para colocar a tristeza para dançar.

Ela nunca se encaixou em nenhum padrão, você sabia que hora ou outra ela ia partir. Ela até se achou esperta o bastante para te ter, mas ela não vai cometer os mesmos erros que você. Não vai se prender ao passado, não vai colocar aquela velha roupa que não a serve mais e nem dar ouvido às suas incertezas. Ela prefere ficar só porque ela gosta dela, e porque  finalmente descobriu o que é amar, “ahhh mar”...